quarta-feira, 8 de junho de 2011

Deus e suas regenerações

Hey,

meu amigo fez um texto cujo personagem central era Deus. Quer ler? Aqui: Kitsch e decidi então fazer um texto com Deus também. O que a falta de criatividade não faz? Eu não consegui criar o final que eu tinha pensado antes porque eu esqueci qual era o final....

Quando estava para fazer 10 anos eu conheci Deus. Foi intencional, procurei por ele em todos os cantos, esquinas e pensamentos. Estranho, pois acabei o conhecendo em um sonho. Procurei Deus para fazer uma única pergunta:

- Por que meu avô não vem mais me ver?

Ele sorriu, de um jeito triste, mas deu aquele sorrisinho que de alguma forma não me deixou muito animada. Com uma voz grossa e ao mesmo tempo suave ele me respondeu.

- Seu avô não mais pertence a esse mundo.

- Eu sei disso faz 3 anos, mas mesmo depois que ele morreu, ele continuava vindo me ver.

- Ele ainda estava muito preso a esse lugar, preso a você, mas eu tive que levá-lo.

Acredito que esse foi o dia em que minha relação com Deus foi abalada.

- Você o levou de novo! Não tem pena de mim?

- Sinto sua dor, mas acredite quando eu digo que ela vai aumentar a partir de hoje. Você vai ter que enfrentar um novo desafio que vai surgir. Seja forte.

E Deus foi embora, me deixando sozinha com a minha, até então, adormecida loucura.

Aos 15 anos, ainda passando pelo desafio que Deus tinha citado, me desesperei.

- PUTA QUE PARIU! Por que faz isso comigo?

E notei Deus sentado ao pé de minha cama. Ele estava diferente. Há cinco anos atrás ele era branco, barbudo, velhinho, de veste longa e branca, muito iluminado. Sentado ali, estava um Deus de aparência irônica. Aparentava 27 anos, estava de calça jeans, blusa azul xadrez e tinha um olhar sarcástico no rosto.

- Você cresceu, amadureceu com a dor, mas ainda tem uma cabeça de criança.
Não estava com saco para rodeios.

- Por que você mudou?

- Existe e não existe só um Deus. Nossa mente está ligada, sabemos as mesmas coisas, o que muda é que uns são bons e outros não. Aparecemos conforme a vida e os problemas dos homens.

- Por que estou sofrendo?

- Essa resposta eu não posso te dar.

- Então, por que eu?

- Porque todos passam por um tipo de provação. Saber se são capazes de superar tudo.

Novamente Deus foi embora. Aparentemente eu não sou capaz de superar nada, já que o problema piorou. Deus parou de passar pela minha cabeça e só lembrava dele quando ia rezar pela alma de meu avô.

Um mês depois de ter feito 20 anos, estava no ônibus voltando da faculdade, quando eu senti me cutucarem. Era Deus. Temi por minha vida naquele momento, Deus estava me stalkeando e da maneira mais assustadora possível.

Ao meu lado estava uma menina de 7 anos. Até aí, tudo estaria bem se ela não fosse eu. Como se tivesse lido meus pensamentos e com certeza Deus tem essa capacidade, ela logo falou:

- E Deus fez o homem à sua imagem e semelhança.

- Decidiu então me atormentar com a minha aparência?

- Não vim fazer isso. Estou aqui para falar que a hora chegou.

- Vou morrer?

- Não e sim.

- Estou ficando cansada desses joguinhos.

- Você não vai morrer, mas assim como seu nome, você vai nascer de novo. Está na hora desse seu problema acabar, faz 10 anos e você ainda está se escondendo. Aquela felicidade que você tinha foi tomada pelas trevas. Acorde para o mundo, porque você está se atrasando.

E assim, com essa última frase, Deus foi embora. Foi aí que percebi que esse seria o único conselho que Deus me dera que eu ia de fato seguir. Eu me vi chorando dentro do ônibus. Estava na hora de acabar com minha maldição. Estava na hora de parar de me esconder atrás de leves maquiagens, sorrisos falsos, roupas estilo tomboy e ao mesmo tempo de bonequinha. Estava na hora de parar de me esconder atrás de livros e boinas.

Estava na hora de renascer. Tive medo.

Uma última vez eu chamei por ele.

- Deus o que vai acontecer comigo a partir de agora?

Não fui respondida, não sabia o que ia acontecer comigo e gritei quando vi que uma luz estava saindo de mim. Minhas últimas palavras foram um pouco desrespeitosas:

- Maldito. Sou sempre eu que me ferro.

Beijos,

Ren K.

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