sábado, 28 de maio de 2016

"Am I the only one I know. Waging my wars behind my face and above my throat"


Lutava uma batalha que não parecia ter fim e a exaustão estava me deixando sem forças para continuar tal conflito. Já sabia quem ia ganhar e, dessa vez, não seria eu. Alguém achou que era importante para o fortalecimento da minha pessoa passar por tal provação. Quem realmente se importa com isso?

Estava em uma floresta antiga, rodeada por árvores mais velhas que meus ancestrais e sendo observada por animais mais vividos que eu. Com certeza presenciaram momentos tão importantes quanto aquele em que, sem querer, me fiz questão de colocar.

Eu sabia que era um sonho desde o momento em que notei a estrada de barro e a vegetação. Jamais pararia ali por vontade própria. Vou ser sincera. O que denunciou tudo foi a garota parada na minha frente com cara de dona do mundo: eu mesma.

É, fui clonada. Péssimo para o mundo. Logo cheguei a brilhantíssima conclusão de que estava ferrada.  Não sei duelar com a minha versão convencida da vida, ela ganha sempre. Gosta de criar um caos e depois sumir para observar de longe os cacos que preciso colar. Para deixar o diálogo que aconteceu mais simples de entender, temos a Idiota (eu) e a Doida (ela).

Doida: "Olha quem decidiu dar as caras por aqui!"

Idiota: "Eu estou resolvendo meus problemas. Tem como desaparecer pro seu cantinho? Não estava sentindo sua falta."

Doida: "Está mesmo? Ou você está varrendo eles para debaixo do tapetinho como sempre? Louca para evitar umas encrencas. Saiba que o seu tapete já está parecendo uma corcunda de camelo."

Idiota: "Talvez eu ainda esteja tentando resolver as merdas criadas por você da última vez."

Doida: "Merdas? Eu sou você, nua e crua. Transparente e tentando ligar o gatilho da sua felicidade."

Idiota: "Parece que estou feliz agora? Seu timing é a coisa mais errada que eu já conheci."

Doida: "Será? Pode ser que sim, pode ser que não. Da forma que eu vi, você precisava de um pouquinho mais de emoção."

Idiota: "Rimas a essa hora? Me poupe. Eu só queria me resolver. Andar tranquilamente..."

Doida: "Na favela onde eu nasci..."

Idiota: "PARE! Isso não é uma brincadeira. Você parece não se importar com nada!"

Doida: "Vou te contar um segredo. Acho que você vem pensando demais, e nós duas sabemos que sua cabecinha entra em pane quando isso acontece. Não foi do nada que eu apareci, certo? Diferente do que saiu da sua boca, eu me importo com tudo, só que espero viver sem preocupações e de forma relaxada. Ao contrário de você, que parece uma velha chata e rabugenta. Se filtrando a cada segundo."

Idiota: "Você é inconsequente! Não pensa nos rastros que deixa. As angústias que preciso enfrentar".

Doida: "Ai, fala sério! Eu sou você, só que completa. Me incomoda te ver agindo desse jeitinho".

Idiota: "VOCÊ ME DEIXOU DEVASTADA! Cheia de inseguranças, com medo de dar novos passos, refletindo sobre tudo que podia estar errado comigo."

E ela sorriu debochadamente para mim, apontou aquele dedo na minha cara e abriu os braços como uma louca.

Doida: "Te dei uma coisa que você não lembrava que existia há anos. Te dei motivos para continuar tentando. Te dei vontade de escrever novamente. Estou te devolvendo sua intensidade. Viva, mergulhe, não deixe passar uma oportunidade.  Sabe-se lá quando, e se, ela volta. Quebre a cara e exiba esse seu sorriso bobo e imperfeito, mas cheio de garra! Mostra que ninguém consegue te parar e que quando você quer algo, você vai atrás."

Foi quando eu comecei a perceber que era uma luta perdida, suas palavras começavam a entrar dentro de mim.

Doida: "Que tal se eu te der espaço para se encontrar e se renovar? Vou te devolver aquele medo gostoso, cheio de uma adrenalina extasiante que você não consegue ficar sem."

As palavras foram o suficiente para eu apenas entregá-la tudo. Ela era manipuladora. Sabia usar as palavras certas para me convencer e eu caía em seu joguinho mais uma vez.

A situação ficou ainda mais crítica quando as peças finalmente se encaixaram. Eu sabia quem era quem naquela estrada, não tinha uma idiota e muito menos uma doida. Eu era minha atormentada mente e ela, meu traiçoeiro coração.

Já não estava mais no comando. Com ela no jogo, tudo mudava. Ela acabara de aplicar seu golpe e eu me vi morta. Que complicado.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Detox da Alma

Direto ao assunto, sem delongas e sem caô.

Entre trancos e barrancos consegui dormir essa noite e, consequentemente, acordei com nenhuma disposição de levantar da proteção que minha cama, meu travesseiro e cobertor ofereciam a meu corpo. Como ainda não criaram um lençol para a mente, a mesma decidiu começar a trabalhar ativamente.

Foi assim que em meio a um turbilhão de pensamentos sobre tudo e nada, me perdi em mim. E que experiência gloriosa e extraordinária que eu presenciei hoje. Foi diferente de tudo que eu já vivi. As lágrimas caíam sem piedade, com um tom de alegria por ter relembrado a mim, da pessoa que eu sou e que vem se redescobrindo a cada dia.

Ganho nuances novas a cada segundo vivido, resgato outras esquecidas em um canto escuro da cabeça um pouco remendada, mas que precisam estar comigo. E o principal: jogo fora aquelas que não me contribuem em mais nada. Foi assim que Desintoxicação e Mudança se destacaram em meio de frases distorcidas e complicadas.

Fácil é falar, o difícil é realmente colocar em prática os planos que borbulhavam desenfreadamente dentro, agora, do meu peito. Que tal começar do básico?

Olhei para o objeto com quem vivo uma relação de ódio e amor, o celular. Observo o Wallpaper da tela de desbloqueio e de dentro. Adeus, Rapunzel, mas eu não sou mais você faz muito tempo. Não preciso de resgate alheio, consigo ser minha própria heroína. Claro que vou tropeçar, errar, me ferrar, mergulhar de corpo e alma e sofrer, mas pô!

Eu também tenho a chave para resolver, aprender, sorrir e dar um murro nos males que vierem pela frente. Tudo é uma lição. E foi assim que decidi também me afastar de quem em nada contribui para meu crescimento como pessoa e, convenhamos, será que eu contribuo no delas também?

Talvez alguns estejam apenas me envenenando aos poucos e eu não esteja percebendo. Talvez eu esteja me distanciando sem perceber, ou quem sabe, querendo, de outros. Desculpa, mas sabe o que é? Não consigo mais ficar num lugar cheio de gente sentindo que estou só. Aí pensa aqui comigo: para que deixar as paradas desconfortáveis, não é mesmo?

Foi então que decidi levantar da cama e me olhar no espelho. Está tudo ruim. Que expressão é essa? Quando foi que a máscara voltou? E sabe o que aconteceu?

Eu abri o sorriso mais estúpido que eu consigo dar e soltei uma gargalhada que estava sufocada dentro de mim faz tempos. Eu consigo resolver isso tudo. Sozinha? Não preciso. Eu tenho tanta gente ao meu redor querendo meu bem, que não faz sentido eu negar a mão que me oferecem. Se organizar direitinho, todo mundo se ajuda.


Sabe o que é? Alguns estão me ajudando sem nem perceber faz muito tempo e toda aquela angústia que habita meu ser vem diminuindo num ritmo tão acelerado que estou extasiada. O problema é estar propensa a me ferrar com mais facilidade, mas quem nunca, né? Vai que aprendo alguma lição para desintoxicar minha alma mais um pouco e a vida está cheia de tanto 7x1 que cabe a cada um de nós perceber o que está rolando para melhorarmos como indivíduos.